segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Vale a pena ler de novo - It’s worth re-reading

Voltar a escrever é como voltar a malhar. Tem que ir com calma, sem pegar muito pesado, senão os dedos e a cabeça fora de forma começam a reclamar. Por isso, pra não fazer feio, resgatei um textículo - com x, não com s - antigo e resolvi postar. Perdoem meus dedos gordos, que até ontem serviam apenas para resgatar os últimos resquícios de doce de leite do fundo do pote. Perdoem o cheiro de mofo do post. O texto pode estar velhinho. Mas há baús que sempre valem a pena revirar.

Felicidade - escrito em 14 de maio de 2010

Eu acredito que a felicidade seja como surfar. E isso é uma mera suposição, porque eu, pessoalmente, nunca subi numa prancha na minha vida. Mas mesmo sem a experiência, é fácil imaginar a sensação de surfar. Uma sensação de algo breve, algo bom, mas com data e hora para acabar.

Em minha vida pessoal, lembro poucas vezes de ter parado um instante e me dado conta de que, naquele momento, eu era plenamente feliz. Tive um momento desses há uns anos, época da faculdade, morando em São Paulo, cheio de amigos e realizando muitos sonhos ao mesmo tempo: independência, trabalhar em uma grande agência de propaganda, viver numa cidade cosmopolita.

A segunda vez que me lembro ocorreu há menos de um mês, quando tive novamente a sensação de estar plenamente feliz, devido a uma importante mudança de emprego. Porém, esses momentos de lucidez são raros para todos nós. Geralmente percebemos o quanto éramos felizes apenas quando caímos de nossa prancha imaginária e nos sentimos literalmente afogados por uma nova e desconfortável situação.

Porém isso não deve nos impedir de buscar a felicidade. Talvez seja esse o grande encanto desse sentimento tão desejado: a efemeridade. E assim como os surfistas acordam cedo, viajam milhares de quilômetros e encaram o mar gelado para pegar uma onda perfeita, nós temos que estar dispostos a enfrentar alguns desafios para desfrutar de alguns segundos de felicidade.

A cada nova queda da prancha, cada vez que a felicidade nos escapar pelas mãos como água, cabe-nos apenas respirar fundo e começar a nadar novamente para o fundo do mar, à espera de uma nova onda boa. Ela pode vir por meio de uma nova amizade, de um novo amor, de um novo emprego, de uma viagem ou em algo simples, como aprender a cozinhar. Seja paciente. Para quem está disposto a ser feliz, a onda virá.



It’s worth re-reading 

Going back to writing again is like going back to the gym. You have to take it easy, without a sweat, otherwise the fingers and the head start complaining. For that reason and so I don’t look bad, I gathered this old little text to post it here. Forgive my fat fingers, that until yesterday were only good to gather the rest of sweet at the end of the jar. Forgive the odor of mold in this post. It might be old, but there are drawers which are worth taking another look at.

Happiness – written on 14 May 2010

I believe happiness is like surfing. That’s a mere supposition, because I personally have never been on a board all my life. But even without the experience, it’s easy to imagine the its feeling. A thrill of something brief, but with an expiration date.

In my personal life, I remember a few times having stopped to see that, in that moment, I was completely happy. I had one of those moments a few years ago, in college, living in São Paulo, full of friends and fulfilling lots of dreams all at the same time: independency, working in a big advertising agency, living in a cosmopolitan city.

The second time I remember doing that was a while ago, due to a change of jobs. However, this moments of lucidity are rare for us all. We usually notice how happy we were just when we fall out of our imaginary boards and drown from a new or unconfortable situation.

Still, this can’t prevent us from persuing happiness. Maybe that is the great charm of this so desired feeling: frailty. And so, like the surfers who wake up early, travel thousands of miles and face the cold ocean to catch the perfect wave, we have to be ready to face a few challenges to enjoy some seconds of happiness.

Each fall from the board, every time happiness escapes through our hands like drops of water, we have to take a deep breath and start swimming again towards the ocean, waiting for a new good wave. It might come through a new friendship, a new love, a new job, a trip or something simple, as learning how to cook. Be patient. For those willing to be happy, the wave will come.

Tradução: Mariana Casals

0 comentários:

Postar um comentário